quinta-feira, 3 de março de 2011

Os sete estágios da sofrida desconfiança...

O texto abaixo...
Um dia, estava eu em um consultório, aguardando ser atendida.. como quase todo mundo, peguei uma revista "Caras" para ajudar na espera..
Encontrei esse texto.. (isso deve fazer uns..7 ou 8 anos..como todo mundo também, arranquei a página, e guardei.. agora encontrei em meus guardados, achei hoje, como a 7 ou 8 anos atraz, muito interessante e verdadeiro... ou seja, a traição dói para todo mundo.. e igual...
boa leitura e espero que gostem!
Patrícia Brigagão.

Tudo começa, com uma simples suspeita, ingênua intuição.
Chega o momento em que a pessoa traída opta por si mesma
-seus princípios e sentimentos - ou se anula pelo outro.
É doloroso, mas pode levar ao amadurecimento da relação.

Quando em uma relação amorosa, um dos dois desconfia de alguma coisa em relação ao outro, resolve denunciar o que está captando, mas sua hipótese é desconfirmada, das duas, uma: ou essa pessoa prescinde da confirmação e se orienta pelos próprios radares com confiança e firmeza, ou vai entrar em parafuso.

Geralmente a sequência é a seguinte:
primeiro, surge uma vaga intuição, uma sensação genérica de que algo está fora de lugar - suspeita-se de uma traição, algumas mentiras, uma enrolação, uma omissão, uma manipulação...
algo no gênero. Nesse primeiro estágio, não há evidencias nem razões muito palpáveis para se levantar suspeita. "Eu sinto que..", "Algo me diz que...", "Não sei porque mas.."- essas são as primeiras manifestações, raramente verbalizadas e compartilhadas.

O segundo estágio é o do "descarte" comparadas com as atitudes expressas da pessoa amada, as suspeitas parecem não fazer sentido - afinal, nada do que lhe passa pela cabeça combina com a pessoa de bom caráter, confiável e fiel que imagina conhecer. O sentimento de estar sendo traído é muito penoso, pois parece uma estiletada na auto-estima de quem ama. Além disso, duvidar da pessoa amada é, a um só tempo, um difícil ataque a alguém muito querido e um profundo questionamento da escolha amorosa que, naquele momento, se revela ter sido cega ou ingênua. Na tentativa de preservar seu bem querer - por si e pelo outro -, o desconfiado decide, então, descartar suas suspeitas, computando-as como "tolas". É frequente envolver o ambiente que o cerca no processo de negação, quando a pessoa procura ajuda e compartilha suas intuições.

O discurso costuma ser: "Imagine Fulano (a) sempre foi tão legal com voce. Deixe de bobagem.. isso passa".

O terceiro estágio é o da retomada das suspeitas, agora na presença de indícios mais numerosos e preocupantes: o sentimento de traição persiste e os sinais se multiplicam. Não dá para continuar negando.

O quarto estágio engata no terceiro rapidamente: a denúncia, a acusação. Em desespero, revela-se o que está sentindo. Esse é um momento delicado e, muitas vezes, ambíguo ao mesmo tempo em que, explícitamente, pede confirmação, ela adia a dor - que sabe que vai sentir - e que parece só se curar diante de uma prova capaz de derrubar todas as suspeitas por terra. O pedido é: "Pelo amor de Deus, diga que não".
A fase seguinte é previsível: as intuições são desconfirmadas. Aí começa a doer.
O "não" que a pessoa ouve tão dissípa as dificuldades: o pedido implicito ("diga que não") é atendido, mas não convence. O pedido explícito ("por favor, confirme")é negado e também não convence.
A próxima etapa é a mais difícil: Um profundo sentimento de desamparo. A pessoa sabe que está absolutamente só e não pode contar com quem ama. Esse é o momento crucial e requer cuidado, pois resta o sétimo e último estágio: o desenlace.
A partir desse ponto, as histórias já não são mais tão previsíveis, pois o novo ciclo de sete estágios, o rumo que a vida vai tomar, tem exatamente aí o seu ponto de partida e isso varia de pessoa para pessoa.
O desenlace é um momento de decisão. A pessoa precisa definir se vai optar por si mesma - por sua dignidade pessoal, respeitando-se - ou se vai abandonar de vez e optar pelo outro, em detrimento de sua dignidade psíquica, física e moral.
Caso opte pelo outro, anulando-se, em relação aos seus próprios valores, o prognóstico é lamentável. Contudo, fica sempre preservada a possibilidade de que surjam mudanças, com o amadurecimento e o crescimento.
Caso a pessoa opte por si mesma, a chance de alcançar sucesso se torna bem mais promissora quer na perspectiva de uma transformação, qualitativa no mesmo relacionamento, quer na perspectiva de um novo caminho no plano das relações com os amores, com a vida, com o mundo.
Quando faz um pacto de fidelidade a seus próprios princípios - salvo naquelas oportunidades em que isso indica só uma rididez de caráter - a pessoa pode ter esperança de ser bem-sucedida. Aquele que trai vai se dar conta - com clareza - de com quem está lidando. Caso se trate de um grande amor, vai fazer por merecê-lo e, cso o faça, poderá merecê-lo. A pessoa traída, agora sustentada em seu próprio eixo, está de posse de critérios menos ingênuos para a escolha de suas parcerias amorosas. Aquilo que era um ponto cego, uma lacuna em sua consciência, foi preenchido pelo olhar intuitivo e pela escuta de vozes interiores. Esses "olhos" e "ouvidos" são sábios e orientadores se o dono não dá a devida atenção a tudo que captam corre o risco de se perder se, no entanto, puder levá-los em conta, está destinado a ser feliz.
Texto de Alberto Lima, psicoterapeuta de orientação junguiana.

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